É possível vivenciar um nível de serviço na TI completamente diferente de tudo que se vê por aí.
O movimento DevOps vem ganhando visibilidade no mundo corporativo promovendo a integração e colaboração entre as áreas de desenvolvimento, operação e negócio, dando origem à organizações de alto desempenho, que estão colocando software em produção com frequência 30 vezes maior e com índice de falhas 50% menor do que a média do mercado.
Esta abordagem, no mínimo questiona as práticas tradicionais de ALM, que sempre foram, historicamente, motivadas por questões de normalização, compliance, aumento do nível de maturidade da TI, governança, etc. O objetivo era padronizar toda organização nas melhores práticas de cada disciplina, integrando os diferentes ciclos de vida: de governança, desenvolvimento e operação.
DevOps, ao contrário, entende que o foco deve estar em um único ciclo, o de negócio. Este movimento coloca um grande foco em transformar a experiência e os resultados de aplicações críticas ao negócio. É a crença de que é possível vivenciar na TI um nível de serviço completamente diferente de tudo que se vê por ai.
Pense em um paralelo entre as iniciativas que se propõem implantar processos e ferramentas corporativas (abordagem horizontal) versus iniciativas que focam em aplicações específicas, críticas e de alta alavancagem ao negócio, aprimorando os resultados e a experiência de todos envolvidos (abordagem vertical).
Abordagens horizontais normalmente estão ligadas à iniciativas da TI em busca do aumento de eficiência, focadas na solução, definindo processos corporativos, tentando fazer rollout e descobrir porque as coisas não estão funcionando.
Abordagens verticais estão diretamente ligadas ao negócio, nominalmente vinculada à uma aplicação estratégica para o sucesso do negócio, podendo dessa forma focar no problema, no que realmente tem impedido àquela aplicação de vencer e impulsionar os negócios.
Transformando a experiência da TI com ciclos curtos de alto valor
Há sempre muitas pedras no caminho nos impedindo de fazer o que realmente tem que ser feito. São mindsets estabelecidos, com práticas, processos e cultura dominantes. Para promover uma verdadeira transformação organizacional e proporcionar uma experiência extraordinária ao negócio, é preciso vencer a burocracia e o status quo das organizações e isso não é nada fácil.
Para isso, as mudanças precisam acontecer em ciclos curtos e de alto impacto, gerando energia suficiente para retirar um verdadeiro WOW das pessoas envolvidas, furando todas as couraças, criando um ambiente de alto engajamento e colaboração.
Precisamos atuar em pontos estratégicos, capazes de promover valor e gerar experiências, transformando aplicações críticas de negócio em aplicações de sucesso.
O Quadrante da TI de Alta Performance
O Quadrante da TI de alta performance é um modelo que explora os principais pilares para se alcançar o alto desempenho em times e aplicações críticas ao negócio. Este modelo traz leituras importantes sobre Liderança, Cultura, Lean, Kanban, DevOps e Cloud.
Liderança – Frequentemente coisas extraordinárias deixam de acontecer por falta de liderança. As organizações precisam de líderes, capazes de questionar o status quo e de promover mudanças. Muitas vezes para se fazer o que realmente tem que ser feito, é preciso questionar práticas, processos e culturas estabelecidas e nessas horas é necessário coragem para colocar o crachá na mesa, puxar a responsabilidade pra si e fazer o que tem que ser feito.
Cultura – É preciso reforçar a importância da colaboração entre os diversos times técnicos e de negócio, de forma a reduzir custos e riscos ao se fazer mudanças. Precisamos de um ambiente onde as falhas sejam tratadas como oportunidade de aprendizado e as pessoas possam discutir francamente sobre os incidentes ocorridos. É um círculo virtuoso. Pessoas que se sentem apoiadas para fazer o seu trabalho, que têm suas opiniões ouvidas e valorizadas, geram melhores resultados.
Lean Kanban – Aqui a discussão é sobre uma profunda compreensão sobre o que é o trabalho e como ele flui. Hoje as organizações estão sendo forçadas a encontrarem soluções disruptivas para otimização máxima dos recursos. É uma busca incessante por eficiência. Este pilar provoca a discussão sobre eficiência X eficácia, já que há uma grande diferença entre fazer as coisas do jeito certo e fazer a coisa certa. Fazer a coisa certa é sabedoria. Eficácia. Fazer as coisas do jeito certo é eficiência. Quanto mais certo você faz a coisa errada, mais errado você se torna.
DevOps e Cloud – O foco é colocar a engenharia em prol do negócio, com todas as suas práticas, ferramentas e cultura, de forma a aumentar a frequência de deployment, reduzir o lead time, a taxa de falhas durante as mudanças e o tempo médio de reparo em caso de falhas. Isso pede automação de tudo que é manual, repetitivo e de alto volume, compreensão sobre disponibilidade, performance e uso da aplicação pelos usuários, além de muita visibilidade sobre tudo que se move através de dashboards de desenvolvimento, operação e negócio – coisas que dificilmente acontecerão sem os recursos de computação em nuvem.
Pensar de forma vertical em aplicações estratégicas, atuando nos pilares acima, em ciclos curtos de alto valor parece ser o caminho a ser percorrido rumo à TI de Alta Performance. É a crença de que é possível vivenciar um nível de serviço na TI completamente diferente de tudo que se vê por aí.
(*) Márcio Sete é entusiasta de DevOps, Kanban, pensamento Lean e culturas organizacionais. Atua como consultor na Elabor8
Fonte: CIO