Tecnologia e inovação no Brasil: o que é preciso para avançar?
A criação de produtos e serviços disruptivos ou com grande valor agregado exige o uso de tecnologia e inovação: essa é a lição dada por startups como Nubank e 99, que em 2018 se tornaram as primeiras empresas brasileiras desse tipo a serem avaliadas com valor superior a 1 bilhão de dólares. As startups que chegam nesse patamar são chamadas de unicórnios. Definitivamente, não dá para simplesmente ignorar esse ensinamento, não concorda?
Perceba que a alusão a um ser mitológico representa bem o tamanho do desafio que essas empresas tiveram que enfrentar para associar tecnologia e inovação na medida certa. Pensar em maneiras diferenciadas para ofertar cartões de crédito e serviços de transporte de passageiros, ver os concorrentes copiarem suas estratégias e se adequar às necessidades dos consumidores foram apenas alguns dos obstáculos.
Na prática, a burocracia e a falta de apoio governamental interferem demais na inovação, tanto que as empresas brasileiras deveriam ter uma tipificação própria ao atingirem o patamar de unicórnios — talvez fênix traduzisse melhor o esforço.
Neste post, você vai entender:
- como tecnologia e inovação podem agregar valor a empresas de qualquer porte e tamanho;
- quais são os desafios que elas precisam superar para serem inovadoras;
- se existem oportunidades para os negócios se desenvolverem no cenário nacional.
O obstáculo da burocracia
O primeiro desafio a ser enfrentado pelas empresas é o ambiente de negócios nacional. Considerado a 8ª economia mundial, o Brasil só perde para os Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Índia, Reino Unido e França. No entanto, quando são avaliadas as burocracias para criar e gerir uma organização, nosso país perde para Estônia, Uganda, República Tcheca, Lituânia e Argentina. Segundo o Banco Mundial, o Brasil ocupa a posição 127 no ranking de melhores ambientes de negócio entre 190 nações analisadas.
Um exemplo da ineficiência burocrática que atrapalha a inovação no país e praticamente exige que pesquisadores e empresários busquem alternativas para proteger suas ideias pode ser encontrado no processo de registro de marcas e patentes. O tempo médio nacional para obter esse registro é de 11 anos, enquanto no Peru e na Colômbia o período de espera é de 2 a 3 anos.
A falta de agilidade na aprovação desse registro expõe os pesquisadores e suas empresas a perderem o direito de exclusividade na exploração de uma nova tecnologia e inovação, por exemplo. Em alguns casos, quando o pedido é avaliado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a tecnologia inclusive já se tornou obsoleta.
Por tudo isso e muito mais, é preciso preparar a empresa para conviver com esses obstáculos burocráticos no desenvolvimento de produtos, serviços, tecnologias e inovações.
A escassez de investimentos
Em outros países, a média de investimentos em inovações é de 2,3% do PIB. No Brasil, porém, o valor total do investimento representa apenas 1,28%, um pouco mais que a metade do valor destinado pela maioria das nações participantes do Índice Global de Inovação.
As organizações públicas, como universidades, incubadoras e programas de incentivos estatais, investem 0,64% do PIB em pesquisas e desenvolvimento de produtos e serviços. Já as empresas e instituições privadas contribuem com o mesmo percentual, 0,64%. Em países que lideram o ranking global de inovação, como no caso da Coreia do Sul, 11ª colocada, o governo isenta as empresas de pagamento de impostos, na mesma medida em que elas investem em inovação.
Se sua empresa pretende investir em inovação, portanto, terá que enfrentar uma concorrência internacional bem forte.
A disponibilidade de oportunidades
Se por um lado os números nacionais comprovam que o Brasil é seguidor e não líder em inovação, os empresários que se arriscam a investir em tecnologia e desenvolvimento de novas ideias colhem bons resultados. Isso foi o que comprovou um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ficou constatado que as empresas investidoras em pesquisa e inovação são responsáveis por 25,9% do faturamento das indústrias no Brasil e geram 13,2% dos empregos do país.
Os benefícios dos investimentos em inovação fazem 48% das indústrias nacionais planejarem aplicações na área de adoção do conceito de indústria 4.0 e tecnologias digitais em 2019. Para 90% das indústrias, esse movimento acontecerá para melhorar a eficiência da produção e a gestão de negócios. 58% também pretendem desenvolver produtos já existentes e 33% planejam criar novos modelos de negócios ou produtos.
A agricultura 4.0 é outro exemplo de uso da tecnologia e inovação para gerar mais precisão e automação das tarefas. Segundo a Embrapa, 7 em cada 10 pessoas morarão nas cidades em 2050, exigindo mais alimentos e eficiência para o agricultor, ao mesmo tempo em que haverá menos gente disponível para o trabalho.
Para atender aos anseios do segmento de serviços, indústria e comércio, mais de 5 mil startups estão registradas na Associação Brasileira de Startups. Atualmente, elas e as grandes empresas são vistas como as principais fontes de tecnologia e inovação para as demais organizações.
O problema é que, para chegar ao primeiro lugar do Índice Global de Inovação e melhorar os produtos e serviços ofertados pelo Brasil para sua população e para o mundo, ainda seria necessário aumentar o investimento em 60% e apresentar resultados 170% melhores. Só assim empataríamos com a Suíça, número 1 do ranking.
O risco calculado
Tecnologia e inovação ainda são temas muito debatidos e pouco praticados pelo governo e pelas empresas brasileiras. Existem diversas oportunidades para organizações de qualquer porte desenvolverem um diferencial nesse sentido, tomando a frente no mercado. Contudo, são diversos os riscos que precisam ser calculados e entendidos para não transformar o processo de pesquisa e desenvolvimento em um fardo para as instituições.
Tecnologias como internet das coisas, Big Data, cloud computing e inteligência artificial certamente estarão no centro das próximas inovações. A terceirização de processos pouco relacionados ao core business das empresas também é uma tendência a ser adotada pelas empresas. Por fim, a capacitação e o treinamento de pessoal será requisito obrigatório para as instituições mais inovadoras.
Como vimos, quem liderar esse processo de criar, desenvolver e oferecer tecnologia e inovação ao mercado brasileiro certamente obterá mais receitas e vantagens competitivas no ambiente nacional.
Você já conhecia os desafios e números brasileiros relacionados a tecnologia e inovação? Acredita que podemos superar esses obstáculos? Compartilhe este post nas suas redes sociais, marque seus colegas de trabalho e amigos para que eles também possam se inspirar e apoiar o desenvolvimento dessa área!