Você já ouviu falar na Lei de Acesso à Informação? Pouco conhecida pela população brasileira, essa determinação garante a disponibilidade de dados públicos para qualquer pessoa, em qualquer situação.
Mas o que isso tem a ver com a sua empresa? Neste artigo vamos mostrar como a LAI pode ser uma oportunidade estratégica para os negócios e como uma cultura de transparência de informações e colaboração pode ser a resposta para aumentar a eficiência, a produtividade e a competitividade no mercado. Pronto para começar?
O que é a Lei de Acesso à Informação
Apesar de vivermos em uma era do fluxo da informação — das menos relevantes até as mais cruciais —, isso não significa que nós, como população, estejamos mais bem informados. Além do ruído constante que atrapalha nosso entendimento acerca de assuntos mais importantes, muitos dados necessários para tocar um negócio têm acesso difícil e desestimulante — isso quando não são escondidos deliberadamente.
Isso permitia, por exemplo, que o direito à informação no Brasil fosse bastante limitado, mesmo que previsto na Constituição desde 1988. A falta de regulamentação e de ferramentas apropriadas para o acesso a dados públicos fazia com que governantes ignorassem a disposição e comandassem o país sem muita preocupação com a transparência.
A pressão popular para uma definição melhor sobre o assunto só obteve resultado em 18 de novembro de 2011, quando a Lei de Acesso à Informação (LAI) foi publicada e entrou em vigor.
Desde então, todos os poderes (legislativo, executivo e judiciário), em qualquer instância governamental, são obrigados a dispor informações sob guarda do poder público: decisões financeiras, projetos de lei, ações, estratégias de mercado e planejamento de governo, sem que o requerente precise dizer por que ou para que ele precisa daquela informação.
Dessa forma, a LAI se tornou um marco importante tanto para a liberdade de informação no país quanto para o futuro da segurança da informação dentro das empresas, tratando o fluxo de dados menos como um risco e mais como uma oportunidade para transformar um mercado cada vez mais digital.
A importância do acesso à informação
É nesse ponto em que uma lei para divulgação de dados públicos converge com uma nova mentalidade no mundo corporativo dentro do Brasil. A Lei de Acesso a Informação é, ao mesmo tempo, uma forma de navegar pela economia nacional encontrando novos nichos e oportunidades e um exemplo a ser seguido para a consolidação de uma marca em uma nova realidade empresarial.
Usando a informação como arma
Em um primeiro momento, a LAI dá à sua empresa a chance de se antecipar a decisões e movimentações do governo que possam gerar uma vantagem competitiva em um futuro próximo.
No caso de empresas, a prioridade vem de dados relativos à economia, como investimentos do governo e projetos de lei que afetem a regulamentação trabalhista, os impostos, os incentivos e as medidas que influenciam diretamente o negócio.
Ter acesso facilitado e constante a essas informações é fundamental para navegar em mercados mais voláteis, principalmente em anos de crise com incerteza de investimentos. É um canal direto com decisões que afetam a sua gestão, permitindo que você trace novas estratégias e busque novos nichos quando elas beneficiam ou prejudicam determinado segmento. Essa é uma preocupação ainda tão rara que se torna uma vantagem competitiva imediatamente.
Usando a informação como ativo
Também é preciso falar sobre o que a Lei de Acesso à Informação pode representar para a sua empresa como conceito de liberdade, confiabilidade e consolidação de uma imagem ligada à proatividade, modernidade e segurança.
Parece estranho falar de segurança e liberdade de informação ao mesmo tempo. Quando os dados se tornam parte do nosso patrimônio, tudo o que queremos é que estejam protegidos e longe de qualquer ameaça.
No entanto, quando pensamos em dados empresariais como algo de valor, por que não tratá-los como um ativo? Em vez de isolá-lo do mundo, aplicar esse patrimônio para que colaboradores, funcionários e outros diretores possam contribuir combinando e reutilizando informações em novas possíveis estratégias é uma forma de ter um retorno muito maior do potencial dessas informações.
Ou seja, essa liberdade traz um mundo de novas ideias para a mesa de reunião da empresa. É sobre essa filosofia de transparência que falamos em mais detalhes no tópico abaixo.
Identidade, criatividade e resolução de problemas
Quando aplicamos a ideia da Lei de Acesso à Informação dentro das empresas, estamos criando um processo semelhante ao que a LAI faz no poder público: damos poder a outros integrantes de todo o processo produtivo, para que eles possam participar e fortalecer um negócio transformado digitalmente.
Veja como isso funciona seguindo três características muito importantes do acesso livre e fácil a dados empresariais:
1. Identidade
Não existe forma mais eficiente de criar uma unidade corporativa do que incluir todos os colaboradores, funcionários e parceiros nas decisões mais importantes de planejamento e estratégia. É lógico que, dependendo do tamanho da empresa, não é possível colocar todos eles dentro da sala de reuniões, mas a disposição de mantê-los informados é suficiente para criar uma identidade unificada.
Estamos falando de prestação de contas, balanços, investimentos e tudo o que for relevante para o trabalho dessas pessoas, mesmo que indiretamente. Elas precisam estar cientes das ações que estão sendo levantadas e dos resultados provenientes dessas decisões.
A consequência de uma marca consolidada na mente dos colaboradores é que isso transborda para o público final. A identidade corporativa é uma fonte de conexões emocionais e o aumento da empatia entre cliente e marca. Parece contraditório, mas quanto mais transparente for o negócio, mais seguro e confiável ele se torna aos olhos do mercado e do público consumidor.
2. Criatividade
Existe uma ideia sobre a criatividade humana muito interessante e bem aceita: ser criativo não implica em alguém capaz de criar algo do zero. A pessoa criativa é aquela que consegue unir dois elementos que parecem não ter relação entre si em um terceiro, de uma forma que nunca foi pensada antes.
Todas as empresas possuem perfis de trabalhadores e colaboradores com a capacidade de encontrar soluções inovadoras a partir de elementos comuns que estavam lá o tempo todo. A pessoa a iniciar uma faísca que transforma um negócio e domina um mercado pode ser o diretor executivo ou um dos faxineiros.
O ponto aqui é que o potencial de criatividade da sua empresa pode estar sendo limitado pela dificuldade que colaboradores e parceiros têm de acessar informações sobre o negócio. Do mesmo jeito que você pode usar resoluções do governo para encontrar novas oportunidades de mercado no futuro, um dos funcionários no escritório pode cruzar informações financeiras com processos produtivos e encontrar uma nova forma de economizar recursos sem afetar a produtividade.
Essa é a definição mais pura da criatividade, e ela não existe sem liberdade de manipular dados relevantes para o negócio. Se você espera de todos os envolvidos a motivação necessária para crescerem juntos como empresa, com identidade e mentalidade inovadora, é preciso pensar em uma LAI própria para estabelecer esse ambiente favorável.
3. Resolução de problemas
Essa criatividade não precisa ser usada apenas para as oportunidades de mercado e inovação produtiva, mas também para aprimorar a empresa resolvendo problemas de formas mais inventivas — desde questões simples e corriqueiras até as grandes decisões.
Cruzar dados também significa encontrar soluções. É como uma equação matemática: quanto menos variáveis, mais fácil de resolvê-la. É muito comum que se cobre de gestores resultados melhores sem que eles tenham as ferramentas para lidar com determinado problema.
Falando exclusivamente da relação entre os departamentos de TI e financeiro, a liberdade à informação pode ser um dos pilares da segurança da informação. Soou estranho? Pense nisso: com um fluxo de dados mais transparente, a equipe responsável pelo sistema tem mais facilidade de gerenciar e lidar com o acesso aos dados corporativos. É possível encontrar brechas de segurança com mais facilidade e proteger o que realmente importa.
Isso não significa que os dados liberados estejam menos seguros, apenas que o valor deles como catalisadores de resoluções e transformações dentro do negócio é muito mais importante do que o risco que eles podem apresentar em mãos erradas.
Transparência
Você já leu muito a palavra transparência nesse texto. Claro, esse é um dos pilares fundamentais do acesso livre à informação. Essa é, inclusive, a principal característica motivadora de quando a lei foi sancionada e publicada em 2011.
Só que a transparência não é apenas uma questão de ética, mas uma ferramenta de gerenciamento poderosa para empresas que apostam na liberdade de seus dados como vantagem competitiva para o futuro. Como falamos lá em cima, lidar com dados como ativo pode gerar um retorno em produtividade, economia e eficiência de investimentos futuros como nunca foi possível.
Para apostar nessa transparência, no entanto, é preciso investir em estrutura. Como era o cenário do governo brasileiro antes da lei de 2011, o direito à informação não se traduz diretamente a um fácil acesso. É preciso que o gerenciamento de informações seja integrado, monitorado e colaborativo.
Uma infraestrutura de TI baseada em cloud computing pode ser a grande resposta para uma cultura de transparência dentro da empresa. O backup de dados na nuvem, por exemplo, pode ser utilizado para centralizar informações e facilitar seu acesso por todos os colaboradores com credenciais no sistema.
Uma empresa transparente trabalha geralmente com SaaS. Os softwares colaborativos permitem que todos os funcionários estejam na mesma página quando estiverem discutindo estratégias de negócio e produzindo resultados. É dessa interação entre pessoas e entre informações que as outras características afloram: a criatividade, a identidade e a resolução de problemas.
É por isso que quando conceituamos a LAI e tentamos aplicá-la em um ambiente corporativo, a transparência deixa de soar como uma brecha de segurança para se tornar o foco produtivo e competitivo de um negócio. É a cultura inovadora que os funcionários precisam para experimentar, descobrir, opinar e mudar a empresa de patamar no mercado.
Exceções
Depois de tudo o que falamos, fica claro que o quanto maior for o volume de informações aproveitadas e disponibilizadas pelas empresas, mais benefícios ela extrai do fluxo de dados que possibilita inovação, transformação e otimização produtiva.
É claro que existem casos em que não é possível compartilhar informações. A própria Lei de Acesso à Informação, embora reforce que “acesso é a regra, o sigilo, a exceção”, coloca critérios para dados que podem ser tratados como confidenciais em situações específicas, como:
- quando colocam em risco a soberania nacional;
- quando prejudicam a relação com outros países;
- quando colocam em risco a população;
- quando oferecem risco iminente à estabilidade econômica;
- quando prejudicam a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico no país.
É possível traçar paralelos de todos esses itens dentro do gerenciamento financeiro, operacional e administrativo de uma empresa. Veja em que casos a restrição é fundamental para garantir a saúde e a sobrevivência do negócio:
Dados financeiros sensíveis
Embora colaboradores e parceiros possam contribuir com a empresa quando têm acesso a estratégias de investimento e gastos com a produção, é claro que as informações mais sensíveis sobre saúde financeira devem ser protegidas para a sobrevivência do negócio — principalmente elementos que possam ser usados por concorrentes para ganhar vantagem sobre a empresa.
Segredos tecnológicos
Muitas vezes a vantagem de um negócio sobre a concorrência está em processos ou materiais exclusivos do seu modelo operacional. A liberdade de acesso à informação é um meio fantástico para descobrir essas técnicas, mas como elas funcionam exatamente é um dado que precisa ser protegido para sua consolidação no mercado.
Informações confidenciais de clientes
É claro que nem a LAI pode se sobrepor ao direito individual de cada cidadão à privacidade, da mesma forma que uma empresa não tem direito de expor dados de um cliente sem a sua anuência. Grande parte da vantagem de compartilhar informações menos sensíveis de forma menos restrita é conseguir focar investimentos e esforços tecnológicos para a proteção desse tipo de dado, fundamental para a sobrevivência do negócio.
Ou seja, tornar a transparência uma regra garante mais segurança às exceções. É unir as vantagens de um ambiente inovador, de cultura colaborativa, com a tranquilidade no gerenciamento de dados restritos. Quando falamos em um mercado transformado digitalmente, não existe combinação mais poderosa do que essa.
Benefícios para a sua empresa
Agora que discutimos bastante sobre a importância da Lei de Acesso à Informação e como ela pode impactar um negócio quando colocada em prática dentro da empresa, é hora de finalizar este artigo recapitulando todos os benefícios dessa cultura corporativa.
Em relação à transparência pública
Vamos começar falando sobre o que sua empresa tem a ganhar pelo sancionamento da lei quando ela está preparada para acessar, interpretar e utilizar informações públicas em benefício próprio.
Avaliação do mercado presente e futuro
Boa parte dessas informações disponibilizadas pelo Estado afetam as empresas e seu público consumidor direta ou indiretamente. Uma modificação em alíquotas de impostos ou o planejamento para reformas econômicas são exemplos mais comuns de como estar informado pode ajudar você a se antecipar.
Esses dados costumam representar um termômetro para o mercado presente: o que está sendo feito para mudar cenários de crise ou medidas preventivas para evitar o resfriamento econômico em curto prazo. Quando essas mudanças se tornam evidentes, geralmente já é tarde para reagir, por isso é importante a busca constante por esse fluxo de informações.
Busca de informações úteis para posicionamento do negócio
Isso também se aplica ao posicionamento do negócio e às estratégias de expansão que vão além de aumentar o faturamento. Quando estamos atentos às pequenas mudanças em políticas públicas, é possível aplicar o conceito da criatividade que explicamos mais acima: encontrar padrões entre pequenas leis, reformas e resoluções que apontem um caminho novo a seguir mercadologicamente. São vácuos de oportunidade que costumam beneficiar as empresas que os ocupam antes da concorrência.
Busca por novos nichos criados por incentivos e programas governamentais
Boa parte dessas oportunidades surge de programas sociais e de incentivos fiscais. A adequação a novas normas que tornem a empresa elegível a esses programas pode ser uma forma de ganhar apoio e ter mais segurança nos investimentos futuros.
Por outro lado, interpretar o impacto dessas informações sobre a população permite a empresa se preparar e tirar proveito ao largar mais cedo. O Minha Casa, Minha Vida é um exemplo de programa que beneficiou muito tanto as empresas quanto os cidadãos que se anteciparam e buscaram o incentivo logo no início.
Em relação à prática na sua empresa
Por fim, é hora de resumir todas as vantagens que essa cultura de colaboração e acesso livre à informação pode gerar para a sua empresa. Lembrando: não é uma questão de simplesmente dispor dados para quem for relevante, mas uma forma de gerenciá-los como um ativo e torná-los catalisadores de inovação dentro do ambiente de trabalho.
Trabalho colaborativo
As ferramentas colaborativas aproveitam muito bem o acesso à informação para dar a todos os funcionários e parceiros um ambiente centralizado de produção. Essa união não só agiliza processos como promove a integração entre departamentos distintos — uma troca de experiências que só contribui para o surgimento de novas ideias.
Imagem de confiança no mercado
A transparência em processos internos sempre reflete na imagem da empresa para o público — um processo que passa pela evangelização dos funcionários e pela promoção de um relacionamento saudável com os clientes.
Ao contrário do que parece, ser transparente e aberto à divulgação de dados pode se tornar um dos pilares de confiança da marca. Esconder-se do público não torna uma operação mais segura, apenas atrai desconfiança e uma separação entre as duas pontas da economia. Se a empresa pretende ter sucesso em um mercado digital e pulverizado em nichos, precisa fazer exatamente o contrário: se abrir para ganhar a empatia de quem realmente contribui para o seu sucesso.
Ideias fora da caixa
Que tal pensar na transparência como uma das prioridades da segurança da informação? Disponibilizando de forma ordenada dados relevantes sobre operação, finanças e administração, a empresa está convidando seus colaboradores a criar novas soluções para velhos problemas, utilizando informações já conhecidas para proteger com ainda mais eficiência o que realmente importa: o núcleo do negócio.
As ideias inovadoras podem surgir para questões de segurança e de operação, e podem ser a origem de novos modelos estratégicos que vão se transformar em grandes vantagens competitivas no futuro.
Otimização de processos
Boa parte dessa vantagem, por exemplo, pode vir da otimização de processos operacionais. A economia em uma empresa vem muito da sua capacidade de fazer mais com tanto quanto ou até menos do que é gasto atualmente.
A combinação de dados que a princípio não têm nada a ver pode oferecer insights importantes nesse sentido. Uma nova forma de realizar uma tarefa ou uma nova técnica, ferramenta ou material podem ser suficientes para transformar um negócio em um sucesso.
Aumento da produtividade
Uma cultura participativa, colaborativa, aberta e transparente: essa foi a aposta do governo para melhorar a gestão pública, e esse pode ser o seu diferencial para ganhar da concorrência.
Trabalhadores com esse tipo de liberdade têm mais espaço para exercer sua criatividade, sugerir formas mais eficientes de trabalho e, na soma disso tudo, melhorar a produtividade da empresa. Departamentos trabalhando de modo integrado, a comunicação natural entre colaboradores e parceiros e essa dinâmica com foco na inovação que se tornarão os diferenciais corporativos no futuro.
Afinal, a Lei de Acesso à Informação é uma forma de assegurar esse pensamento moderno de que estar bem informado é a chave para o sucesso. Se você ainda não conhecia a LAI, é hora de começar a se beneficiar de sua cultura, tanto para se antecipar a movimentos do mercado quanto para transformar sua gestão dentro da empresa. O que você está esperando?
Não tem melhor forma de se informar do que ler mais artigos como este sobre o papel da informação na segurança empresarial e na cultura de inovação. Se você gostou das informações deste post, assine agora a nossa newsletter e receba outros conteúdos diretamente no seu e-mail!